"Descansa em paz seu Nelson que Deus o acolha ao seu lado"
"Hoje me despeço de uma das pessoas mais importantes da minha vida: meu avô. Ele que sempre cuidou de mim, dos meus irmãos e de toda a nossa família com dedicação, amor e aquele jeitinho só dele — meio bruto, mas cheio de ternura. Homem honesto, trabalhador, incansável. Sempre voltava para casa com os bolsos cheios de doces para os netos. Era o seu jeito silencioso de dizer "eu amo vocês". Gostava de nos beliscar, um gesto que só hoje entendo: era carinho disfarçado, era presença, era amor que não cabia em palavras. Nunca deixou faltar comida — e nem companhia. Mesmo que tivéssemos acabado de almoçar, já vinha com aquele jeito teimoso e acolhedor: “Espera, vou buscar o pão pro café.” E logo depois: “Fica pro jantar.” Acho que, no fundo, ele só queria que a gente ficasse mais um pouquinho. Que o tempo parasse ali, com a casa cheia, os netos correndo e o coração dele aquecido. Hoje, estou longe e não posso me despedir. Dói. Dói muito. O que eu mais queria era poder dizer: “Vô, não vá. Fica mais um pouco.” Mas eu sei... eu sei que chegou sua hora. E que a vovó está te esperando do outro lado — como o senhor dizia, “a vida perdeu o sentido sem ela”. Ele foi uma das pessoas mais inteligentes que conheci. Sabia tudo sobre o Brasil, de norte a sul, do Oiapoque ao Chuí. Um pescador nato, um contador de histórias, um sábio. Seu corpo estava cansado, mas sua mente continuava brilhante, viva, afiada como sempre. É com profunda tristeza que me despeço do senhor. Mas também com um coração cheio de gratidão e as lembranças mais lindas da minha infância — lembranças que levo comigo para sempre. Te amo, vô. Vá em paz. Agora vocês dois estão juntos outra vez."
"Que a luz daqueles que partiram continue a brilhar através das memórias e do amor que deixaram para trás."